Nasci e fui criado numa família de fortes raízes católicas. Meu pai foi Congregado Mariano e minha mãe era do Apostolado da Oração. Participei de grupo de jovens e por muitos anos fui catequista de primeira comunhão. Da mesma forma que recebi a herança da fé, a transmito para minhas filhas.
Aprendi, no seio da Igreja, que a política é a forma suprema da caridade. Um espaço de disputa de idéias de como promover o bem comum, ou seja, como distribuir da melhor forma, o dinheiro que pertence ao povo.
Por muitos e muitos anos a hierarquia da Igreja esteve ao lado de determinadas idéias de como organizar a sociedade fortemente influenciada pela divisão de mundo entre capitalistas e comunistas dos anos cinqüenta aos anos oitenta do século passado. Porém isso contrastava, na realidade, com a condição de penúria que o povo vivia, com a forte concentração de renda e o injusto privilégio de alguns poucos.
O Espírito Santo soprou os ventos da renovação e a Igreja assumiu sua condição de profeta da esperança. A Igreja fez a opção preferencial pelos pobres. Figuras como Dom Hélder Câmara, Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Pedro Casaldáliga, Dom Tomás Balduíno, Padre Josimo, Irmã Doroti Stang e tantos outros arriscaram suas vidas e em alguns casos tombaram em defesa de um novo País, onde a justiça e a fraternidade estejam presentes.
Um Brasil onde as pessoas não fossem presas ou torturadas por poder expressar suas idéias e terem condições de tomar café da manhã, almoçar e jantar. Que possam estudar, ter acesso a atendimento básico em saúde. Enfim , disporem de um mínimo para ter dignidade e o tratamento que todas as pessoas merecem.
Essa introdução explica meu posicionamento político. Como disse, aprendi na Igreja que a política é a forma suprema da caridade, e o governante deve primar-se pela defesa intransigente da vida.
E o que é defender a vida no Brasil de hoje?
É continuar o processo de transformação social que o governo que se encerra iniciou, que introduziu milhões de pessoas nos estratos superiores da sociedade. É direcionar bilhões de reais para grandes obras que garantam o acesso a água tratada, coleta e tratamento de esgoto. É estimular os setores dinâmicos da economia para gerar milhões de empregos e distribuir renda para quem estava sem esperança, sem dignidade e sem poder nem mesmo sobreviver.
Porque ninguém se interessa a aprender pescar se não puder comer. Portanto é preciso dar o peixe da bolsa família e depois ensinar a usar a vara da pescaria da educação e qualificação profissional. Quase toda nação desenvolvida teve em algum momento de sua história de fazer essa experiência.
Por isso voto em Dilma Rousseff. Ela é a garantia que esse processo não será interrompido e que a construção do Brasil moderno e desenvolvido vai ter continuidade. No entanto sei que alguns temas preocupam alguns cristãos católicos e evangélicos inseguros quanto ao que o governo da Dilma fará com alguns temas que lhes são caros. É o caso do aborto e da liberdade religiosa.
Nos últimos dias muitos mitos e inverdades assolaram os ambientes religiosos afirmando que “Dilma é abortista” e que “fecharia igrejas” ou que “nem Jesus Cristo tiraria sua vitória nestas eleições”. Alguns padres, pastores e até bispos bem intencionados, mas mal informados inclusive por milhões de e-mails dolosos, chegaram a determinar a seus fiéis que não votassem em Dilma Rousseff.
Retomo a máxima do Evangelho: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. E quem tiver dúvida sobre o carter e o comprometimento de Dilma´Rousseff com a vida e com a continuidade da obra que o presidente Lula iniciou, proponho analisar concretamente, seguindo sua conciência e baseando-se apenas em fatos verídicos, pois a democracia pressupõe a liberdade de escolher o que acredite ser melhor para toda a nação brasileira.
DilmaRousseff tem o mesmo comprometimento do presidente Lula no respeito à vida e à liberdade religiosa. O presidente Lula nunca propôs ao Congresso a legalização do aborto e retirou a menção a isso do Plano Nacional de Direitos Humanos (a última legislação do tema são protocolos assinados por José Serra quando era Ministro da Saúde e não acuso Serra de ser abortista, porque essa não é a discussão essencial da sociedade brasileira, pois é por demais sabido por todas as forças políticas, da ampla maioria do povo contra o aborto e a eutanásia. Os movimentos que defendem isso situam-se em segmentos específicos e minoritários).
A grande questão nesse segundo turno é como nós queremos o Estado brasileiro. Quem votar em Dilma Rousseff estará fazendo a opção preferencial pelos pobres mais pobres, destinando cada vez mais recursos para os “de baixo” com obras, programas sociais, geração de emprego e distribuição de renda. Quem votar em José Serra estará optando por destinar polpudos recursos para a defesa do sistema bancário, eliminação do risco dos grandes empresários e favorecimento de grupos multinacionais. Essa é a verdadeira discussão que se esconde sob temas que forças conservadoras jogam para nos assustar e que, de fato, fazem diferença na vida de cada brasileiro.
Se concordar, subscreva e passe adiante. A riqueza do Pré-Sal fica para um outro e-mail.
Luiz Carlos de Lima - muriqui@ibest.com.br
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